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O mal da geração videogame

03/10/2007 17:42:38

Expostas ao bombardeio da mídia e com hábitos alimentares inadequados, as crianças estão cada vez mais obesas. Para prevenir problemas graves de saúde, a boa alimentação é fundamental assim como a prática de exercícios

Por Vera Fiori

Conversa de mãe vai e volta ao mesmo assunto: comida. Raras são as famílias que não sofrem as conseqüências do sedentarismo da geração videogame, viciada em refrigerantes, salgadinhos, bolachas, pizza, hambúrgueres e batatinhas. Má postura, falta de fôlego, retraimento social, alterações nos níveis de colesterol e pressão arterial e diabetes são quadros comuns aos gordinhos.

Mas o problema não mora só em casa. Na escola, a criança encontra mais guloseimas. Por isso, a prefeitura de Florianópolis foi exemplar ao proibir a venda desses alimentos nas cantinas da rede pública de ensino. 25% dos alunos de 6 a 8 anos estavam acima do peso.

A questão da gordura na infância em geral é abrandada, até por desinformação. "É preciso entender que a obesidade é problema sério que deve ser prevenido na infância", alerta Tânia Martinez, diretora da Unidade de Dislipidemia do Instituto do Coração (Incor), que em recente pesquisa dimensionou o problema. Feita na cidade paulista de Itapetiniga, com 2.000 estudantes entre 2 e 19 anos da rede pública, mostrou que 10% dos alunos já tinham alterações na taxa de colesterol.

O colesterol alto é um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento de aterosclerose que, por sua vez, pode provocar enfarte do miocárdio e outros acidentes vasculares. Os filhos de pacientes que enfartaram ainda jovens são mais suscetíveis. Tanto nos casos de herança genética como nos de sedentarismo, dieta e exercícios físicos regulares corrigem o problema.

"Medicamentos só entram quando o colesterol persiste".

PROJETO NOTA 10 - Para alertar sobre os riscos da obesidade, o Incor estará implantando, em janeiro, o Projeto Busca Vida. "Teremos acampamentos no interior paulista para crianças e adolescentes normais e portadores de dislipidemias", diz Tânia.

O diferencial do Busca Vida é a forma lúdica usada na reeducação alimentar, a fim de motivar crianças e familiares. A equipe terá médicos, nutricionistas, psicólogos e alunos de educação física. Localizados em áreas verdes, os acampamentos funcionarão aos sábados, das 8 às 17 horas. Inicialmente, aceitarão 20 crianças em cada um, desde que matriculadas no ensino fundamental.

COLESTEROL E PREOCUPAÇÕES - Segundo as nutricionistas Isa de Pádua Cintra e Cecília Lacroix de Oliveira, respectivamente professora do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e doutoranda em Ciências Aplicadas à Pediatria da Unifesp, ao contrário do que muitos imaginam, o colesterol não é apenas uma substância prejudicial. Ela tem funções importantes, sendo essencial para a síntese de sais biliares, vitamina D e hormônios. Porém, quando seus níveis estão acima dos considerados desejáveis, podem causar danos irreversíveis ao nosso organismo.

São dois, os tipos de colesterol: o LDC-c, o mau, que se agrega aos vasos, e o HDL-c, o bom, visto como protetor de doença cardiovascular. Segundo o Consenso Brasileiro sobre Dislipidemias, entre 2 e 19 anos, crianças que não têm níveis de colesterol elevado (menos de 170 mg/dL) deveriam ter orientação dietética e ter esses níveis reavaliados em cinco anos.

Crianças com níveis menores de 200 mg/dL deveriam ter orientação profilática sobre os lipídios. Aquelas com níveis entre 170 e 199 mg/dL deveriam fazer outra análise do colesterol total, e uma média entre os dois valores. Se for elevada ou limítrofe, uma orientação profilática é necessária.

COMO SABER? - É obeso quem tem seu Índice de Massa Corpórea (IMC) maior ou igual a 30. Obtém-se o IMC, dividindo-se o peso em kg pela altura ao quadrado. Nos obesos, é alta a prevalência da elevação do colesterol e triglicérides. Como não costuma haver manifestação clínica – embora os efeitos a longo prazo sejam prejudiciais e irreversíveis – é comum o pediatra pedir exames. E é importante que o colesterol seja analisado quando pais, avós, irmãos, tios e primos de primeiro grau tenham doença arterial e níveis elevados de colesterol, obesidade e outros.

Há uma significativa relação entre a ingestão de gordura total e saturada e os níveis de colesterol. E alguns produtos de origem vegetal, como margarina e gordura hidrogenada, usados em bolachas salgadas e recheadas, e salgadinhos podem dar uma pequena contribuição na elevação do colesterol e aumento de peso.

DIETA, SÓ ORIENTADA - Submeter a criança em crescimento a uma dieta restritiva pode prejudicar sua saúde. As nutricionistas da Unifesp enfatizam: ela precisa de alta ingestão calórica para um desenvolvimento normal, e isso não é fácil com uma dieta hipolipídica. O desenvolvimento normal do seu sistema central também requer alto consumo de gordura. "Temos visto crianças acima de dois anos ou mais velhas, com o crescimento comprometido por dietas restritivas".

Seguir dieta só, não basta. Uma atividade física é necessária. "Os exercícios elevam os níveis do bom colesterol", observa a professora de educação física Ana Paula de Oliveira Barbosa, que integra um projeto do Incor que visa estimular a população a praticar atividades físicas. É importante fazer com que a criança não fique só vendo TV. "Ir ao parque, ao clube, nadar, andar de bicicleta, jogar vôlei, futebol, tudo é válido, menos exercícios de alto impacto como as corridas", explica.

Além de ser fonte de energia, certos alimentos têm substâncias que previnem doenças. Contra a obesidade e o colesterol, Késia Diego Quintaes, doutoranda em Ciência da Nutrição pela FEA, da Unicamp, indica o alho (que reduz a pressão arterial e o colesterol total e LDL e contribui para a manutenção da taxa glicêmica); peixes como salmão, sardinha, bacalhau, que são excelentes fontes de proteína e ricos em ácidos graxos insaturados; fibras (encontradas nos grãos de cereais integrais e leguminosas), além de vitamina C, presente em frutas e hortaliças. Use e abuse da soja, que tem taxas elevadas de isoflavonas, substâncias que ajudam a reduzir as doenças cardiovasculares.

OVO PODE? - Pintado como vilão, ele pode estar na dieta desde que nela entrem alimentos ricos em fibras, especialmente o feijão, diz a professora Erly Catarina de Moura, da Faculdade de Ciências Médicas da PUC de Campinas.

Ela fez uma pesquisa, na cidade, com 1.600 escolares da rede pública, entre 7 e 14 anos. O resultado detectou que as crianças com colesterol acima de 200 mg/dL consomem menos ovos (7 por mês), do que aquelas com colesterol abaixo de 170 mg/dL (8,5 ovos por mês). As crianças com colesterol adequado consomem mais fibras, ou seja, mais feijão.

"Se o colesterol for excluído da dieta, o organismo responde produzindo mais colesterol, pois ele lhe é essencial, para a produção de hormônios sexuais, vitamina D, sais biliares e membranas das células". Mesmo na criança com colesterol elevado o ovo é recomendado, desde que não supere a cota de três por semana e tenham a gema bem cozida.

Agência: Estadão.com.br

 

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