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O Impacto da Cirurgia de Amígdalas e Adenoides no Sistema Imunológico

25/06/2015 10:44:37

O texto a seguir é um resumo adaptado ao leitor comum do artigo científico do Prof. Dr Javier Dibildox e Adriana D. Bowen, publicado no XII Manual de Otorrinolaringologia Pediátrica da IAPO (Internamerican Association of Pediatric Otorhinolaryngology) em 2015. Esta publicação foi coordenada pela Prof. Dra Tania Sih que, entre outros títulos, é Professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.  Quando termos médicos forem citados no texto, uma rápida explicação será colocada ao lado, entre parentes.

As amigdalas e as adenóides são consideradas como órgãos linfóides secundários e que exercem atividade imune, em especial entre 4 e 10 anos de idade.  Estão estrategicamente localizadas contra os antígenos (bactérias e vírus nocivos) que penetram pela boca e nariz.  O principal produto de defesa das amígdalas é a IgA (proteína de proteção predominante nas secreções como saliva, leite, etc.).
 
A amigdalectomia (cirurgia para retirada das amígdalas) foi indiscriminadamente uma prática comum nas primeiras décadas do século passado.  O impacto imunológico desta cirurgia nas crianças foi durante muito tempo, um debate entre Otorrinolaringologistas, os Pediatras, os Imunologistas e os Médicos de Família.  Em muitos países da America Latina, alguns médicos bem como os pais, têm medo da amigdalectomia porque estão preocupados que a remoção das amígdalas e das adenóides possa afetar o sistema imune e, como conseqüência, os pacientes sofrerão de um maior número de infecções recorrentes da garganta.
 
Atualmente as duas indicações mais comuns para esta cirurgia são as infecções recorrentes da garganta e os transtornos obstrutivos do sono pelo aumento acentuado destes órgãos. Outras indicações são os problemas ortodônticos, caseum (acumulo de alimentos dentro das amígdalas), mau hálito e infecções crônicas. A amigdalectomia é a segunda cirurgia pediátrica mais comum nos EUA (a primeira é a postectomia). Um estudo recente mostrou que a taxa global destas cirurgias aumentou nos últimos 35 anos, sendo os distúrbios do sono pelo aumento das amigdalas a principal indicação.
 
Existe uma controvérsia entre os médicos a respeito dos possíveis efeitos secundários relacionados com a remoção das amígdalas cronicamente infectadas e/ou hipertróficas (aumentadas) e as possíveis seqüelas causadas na barreira de defesa da boca.
Muitos estudos relacionam alterações nas concentrações de imunoglobulinas (proteínas de defesa) após a amigdalectomia.
 
Friday et al (e colaboradores) estudando 268 crianças entre 1 -16 anos avaliaram, antes e depois da amigdalectomia, os níveis sanguíneos de diversas imunoglobulinas. Encontraram um nível menor de uma delas (IgG) no grupo que operou as amígdalas, mas sem relação com a freqüência das infecções de garganta, durante um seguimento de 16-30 meses.
 
Vários investigadores relataram um nível mais alto de IgG e IgA em pacientes com infecções crônicas das amígdalas. Sennaroglu et al relataram que a tonsilectomia (sinônimo de amigdalectomia) melhorou o funcionamento dos neutrófilos (células de defesa do sangue) e mostrou efeito positivo no sistema imunológico destes pacientes. Kaygusuz et al mostrou que a amigdalectomia nos pacientes com tonsilite (inflamação da amígdala) crônica restaura os parâmetros imunológicos a normalidade por remover o estimulo bacteriano, sem afetar negativamente as funções imunológicas dos pacientes.
 
Popp et al relataram que a remoção das amigdalas não inibiu o desenvolvimento do sistema imunológico de 10 crianças com idade entre 0,5 e 11 anos após a tonsilectomia e compararam com 302 crianças da mesma idade que não fizeram a cirurgia.  Nas crianças operadas a incidência de infecções do sistema respiratório não aumentou quando comparadas ao grupo de controle (as crianças que não foram operadas).
 
Van den Akker et al avaliou 300 crianças entre 2 e 8 anos divididas em 2 grupos: ou realizavam a cirurgia de remoção das amígdalas ou esperavam e observavam.  Em geral, não se encontrou uma relação entre os níveis das imunoglobulinas e o número das infecções das vias respiratórias com 1 ano de seguimento.  Este achado indica que o tecido de defesa restante da garganta pode compensar a remoção das amígdalas e das adenóides.
 
Bitar et al, em um artigo de revisão (revisão e avaliação de todos os artigos anteriores relacionados ao assunto) entre os anos de 1971 e 2009 mostraram que 21 estudos não mostraram que a amigdalectomia teve um efeito negativo sobre o sistema imune, enquanto 6 artigos mostraram um efeito negativo no sistema imunológico. Todos os artigos que mostraram um efeito negativo são anteriores a 1997.
 
A conclusão é a maioria dos primeiros trabalhos sobre o assunto não avaliou o sistema imunológico antes da cirurgia e não incluiu um grupo controle não cirúrgico. As publicações mais recentes mostraram uma redução temporária das proteínas de defesa, mas ainda dentro de níveis normais e sem um aumento das infecções das vias aéreas. Até hoje não existem estudos que demonstrem um impacto significante da tonsilectomia no sistema imunológico.

 

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